Dinheiro, segundo ex-diretor da estatal, era referente a propinas atrasadas.
Relato do ex-dirigente foi feito em depoimento da delação premiada.
O ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa revelou em um de seus depoimentos do acordo de delação premiada que continuou recebendo propina de fornecedoras da estatal mesmo depois de ser demitido, em 2012. Os pagamentos, referentes a subornos atrasados, chegaram a somar R$ 550 mil mensais, informou o ex-dirigente em trecho da delação, tornada pública na última quinta-feira (12) no andamento do processo da Lava Jato na Justiça Federal do Paraná.
Paulo Roberto Costa afirmou à Polícia Federal que a propina que recebeu posteriomente a sua saída da petroleira foi repassada por quatro empreiteiras investigadas na Lava Jato: Engevix, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Iesa.
Ao G1, a assessoria da Camargo Corrêa afirmou que a empresa "repudia as acusações sem comprovação e reitera que segue à disposição das autoridades". A empreiteira também ressaltou que tem "prestado as informações solicitadas pelas autoridades para esclarecer os fatos e demonstrar que estas acusações são improcedentes”.
A Engevix declarou que não vai se manifestar no momento e que prestará os esclarecimentos sobre o caso à Justiça.
O G1 entrou em contato com a Queiroz Galvão, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. A assessoria da Iesa não foi localizada.
Em outubro, o delator da Lava Jato já havia afirmado à Justiça Federal do Paraná, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, que havia recebido dinheiro de propina depois de sua demissão da estatal. Na ocasião, no entanto, ele não havia dado detalhes dos valores nem havia mencionado as empresas que pagaram o suborno.
De acordo com o ex-diretor, um dos delatores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras, os repasses de suborno atrasado foram feitos até fevereiro de 2014, um mês antes de ele ser preso pela Operação Lava Jato, da PF.
Costa comandou a diretoria de Refino e Abastecimento da estatal entre 2004 e 2012. Ao ser demitido, relatou Costa, o doleiro Alberto Youssef calculou o valor que as empresas que participavam do esquema de corrupção lhe deviam referente a propinas atrasadas.
Conforme o ex-diretor, a construtora Queiroz Galvão lhe devia R$ 800 mil e fez acordo para quitar o valor em oito parcelas de R$ 100 mil. Já a Iesa fez proposta para saldar o saldo de R$ 1,2 milhão em 12 parcelas de R$ 100 mil.
O montante devido pela Engevix, disse Costa, era de R$ 665 mil. A empresa, relatou, propôs acerta o débito em 19 parcelas de R$ 35 mil.
A Camargo Corrêa, segundo ele, era a empresa que lhe devia o maior valor referente a propinas atrasadas: R$ 3 milhões. Deste montante, entretanto, cerca de R$ 100 mil eram correspondentes a uma consultoria que foi efetivamente prestada, ressalvou Costa.
O débito da Camargo Corrêa, de acordo com o delator, iria ser pago inicialmente em 30 parcelas de R$ 100 mil, porém, ele contou que a dívida foi quitada antecipadamente em dezembro de 2013. Além dos R$ 3 milhões, disse Costa, a Camargo Corrêa também lhe devia R$ 72 mil referentes a outro contrato.
O ex-diretor detalhou que, após ter sido calculado quanto as empreiteiras ainda lhe deviam, os pagamentos foram feitos para ele por meio da Costa Global, empresa de consultoria que ela abriu ao deixar a estatal.Casa e lancha
Aos policiais federais, Paulo Roberto Costa revelou que usou parte da propina paga depois de sua saída da diretoria da Petrobras para comprar uma casa em um condomínio de Angra dos Reis (RJ), por aproximadamente R$ 3 milhões, e uma lancha por R$ 1, 1 milhão.
Para dar aparência de legalidade às transações, afirmou o ex-dirigente, o dinheiro era justificado como pagamento de prestação de serviços de consultoria que não eram realizados. Conforme Costa, uma de suas filhas era responsável por elaborar as notas frias repassadas às empresas.
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